DR. NILDO DE CARVALHO


Homenagem ao Des. Nildo de Carvalho
23/02/2013 - -Sul-mato-grossense de Aquidauana, Nildo de Carvalho nasceu em 12 de julho de 1936 e faleceu na noite de 22 de fevereiro de 2013. Casado com Dona Edy e pai de Patrícia e Nildinho, o desembargador deixará saudade não apenas na família, mas em todos que com ele conviveram em seus mais de 76 anos de vida. Formado pela Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas e Sociais (RJ) em 1962, ingressou na magistratura em 1969, como juiz de Direito em Glória de Dourados. Em 1975, por antiguidade, foi promovido para a 2ª Vara de Três Lagoas para atuar como juiz de 2ª Entrância. Por merecimento, dois meses depois, tornou-se magistrado de Entrância Especial, na 3ª Vara Criminal da Capital.
Em 1986, por merecimento, assumiu o cargo de Desembargador do TJMS, onde mostrou sua capacidade e poder de administração como presidente (1997/98) e vice-presidente (1988/89). O magistrado foi também presidente e corregedor-geral do TRE e presidente do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais. Aposentou-se no dia 13 de fevereiro de 2006 com a sensação de dever cumprido.

Realizações – Com ar severo de quem já proferiu sábias decisões, o desembargador tinha sempre um sorriso no olhar e, ao longo de sua carreira, conquistou muitos admiradores. Ao assumir a presidência do TJMS, o Des. Nildo finalizou seu discurso demonstrando os valores que prezava na vida. “Peço a Deus que mantenha em mim sempre viva a fé para que possa um dia legar à família que formei o patrimônio dos mais valiosos: um nome honrado e o respeito à dignidade humana, herdados do meu saudoso pai e de minha querida mãe, que continue o Espírito Santo me inspirando nas minhas decisões e guiando nesta jornada iniciada há quase 30 anos, e que eu possa dizer, quando de seu término, aquilo mesmo que o Apóstolo Paulo disse ao exortar Timóteo a cumprir o seu dever: ''Combati um bom combate. Terminei minha carreira. Guardei a fé''”.

Ao deixar o mais alto cargo do Judiciário de MS, ele reconheceu que sua administração foi modesta em obras, devido aos fatores financeiros, contudo, a principal meta foi atingida: magistrados e servidores foram privilegiados com ambiente de trabalho adequado e satisfatório, que possibilitou a prestação eficiente dos serviços jurisdicionais.

Ousadia – Comprovando sua maneira de administrar, Nildo de Carvalho criou a comenda Colar de Mérito Judiciário e reuniu na Capital de MS o Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil. Atitudes como essa lhe renderam várias honrarias, como o Grão-Colar Austragésilo de Athayde, patriarca do Diretos Humanos; diploma e medalha do Mérito da Assembleia Legislativa de MS; diploma de Mérito Leonístico, do Lions Clube da Capital; título de cidadão Anaurilandense; moção de congratulação do Legislativo de Três Lagoas; e mérito Legislativo da Câmara de Aquidauana.
As inovações continuaram. Em seu último ano na presidência do TJMS, o desembargador deslocou-se para diversas regiões do Estado a fim de tratar de assuntos relacionados aos Juizados Especiais; destinou uma sala para o OAB/MS no prédio do TJMS, espaço reivindicado pelos advogados; além de instituir quatro galerias para retratar a história do Tribunal de Justiça: a dos presidentes do Tribunal, a dos desembargadores do Pleno, a dos desembargadores aposentados e a dos servidores modelos.

Foi ele também quem deu início ao trabalho de assessoria de imprensa no Judiciário de MS. “Se hoje somos reconhecidos como um trabalho de extrema importância para o Poder Judiciário, devemos a ele. Em 1997, foi um homem de visão ao colocar profissional de jornalismo à frente da área de comunicação e incentivar para que fosse feito um trabalho de divulgação das atividades da justiça estadual”, afirmou a diretora da Secretaria de Comunicação do TJ, Marilda Silveira Camargo. Mais uma iniciativa do administrador que permitiu que o judiciário sul-mato-grossense pudesse ser reconhecido como um Poder que presta serviços de relevância à população.


Saudades – No momento de despedida ao Des. Nildo de Carvalho, amigos deixaram sua homenagem ao magistrado, que deixa saudade em toda a comunidade jurídica e na sociedade sul-mato-grossense.

“O desembargador Nildo de Carvalho foi um magistrado exemplar, um expoente da magistratura. Como chefe de família, foi um grande pai, um grande esposo, um grande avô. E um amigo extraordinário, sem limite. Ele era uma pessoa que só pensava no bem e só fazia o bem. Quem teve o privilégio de participar do seu convívio sabe perfeitamente que ele era uma pessoa diferente, porque reunia todas as qualidades inerentes a um ser humano. Bondoso, íntegro, generoso, enfim, um homem extraordinário. Ele era uma referência para a comunidade jurídica, como juiz por onde passou, como desembargador, presidente do Tribunal de Justiça, presidente do Tribunal Regional Eleitoral, corregedor, diretor da Associação dos Magistrados. Para mim, um dos maiores amigos. É uma grande perda. Ele será sempre lembrado como um julgador que sempre aplicou o bom senso nas suas decisões”.

Des. Joenildo de Sousa Chaves – Presidente do Tribunal de Justiça de MS

“É uma grande perda para a magistratura porque ele sempre foi um magistrado exemplar, um exemplo de coragem e de honestidade. Sempre nos dava apoio, era uma pessoa seguida como exemplo pelos juízes”.

Juiz. Wilson Leite Corrêa – Presidente da Associação dos Magistrados de Mato Grosso do Sul (AMAMSUL)

“Conheci o Dr. Nildo quando era criança e ele assumiu a primeira comarca dele, Glória de Dourados, onde até hoje o meu pai mora. Dr. Nildo se tornou amigo da família e assim permaneceu e permanecerá eternamente. Por Glória de Dourados foi um dos homens que mais fez obras, que mais construiu. Se envolveu com a comunidade, ajudou a construir o Clube Caiçara, o Asilo dos Velhos, lutou pra que fosse implantada energia elétrica na cidade inteira, fez amigos. É um juiz que saiu de lá na década de 1970 e ainda hoje é lembrado. Eu tenho pelo Dr. Nildo um amor filial, pra mim é como se fosse meu segundo pai. Mas é a vida e nós vamos tentar seguir o seu exemplo. Dr. Nildo sempre foi um juiz extremamente sério e sensível. Eu me lembro, ainda garoto, que ele sentenciava os processos à caneta, com uma letra difícil de ser lida e era o meu pai que traduzia isso pra colocar no papel datilografado. Ele foi meu professor, atuou em todas as áreas da justiça e deixou a sua marca de homem trabalhador, extraordinariamente sério e de um juiz que efetivamente distribuiu justiça, de tal sorte que pode, durante toda a sua vida, ter a consciência tranquila do dever cumprido. É uma perda significativa pra todos nós”.

Juiz Marcelo Câmara Rasslan

“O Des. Nildo era um juiz no termo amplo da palavra. Simples, sem vaidades, sem deixar que o cargo subisse na sua postura do dia a dia, mas ao mesmo tempo firme nas suas decisões. Defendia suas posições com fundamento jurídico e com aquela simplicidade que lhe era típica. Foi um excelente colega. A magistratura perde um homem que, com a sua experiência, podia ajudar os novos e ajudar a edificação do Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul. É uma perda lamentável, é uma perda total pra magistratura. Perdemos um homem muito bom”.

Des. Luiz Carlos Santini

“O Nildo foi uma das figuras exponenciais da magistratura sul-mato-grossense. Uma figura humana fora do comum, extraordinária. É um homem que vai fazer falta à magistratura e como ser humano. É uma figura com a qual tive a oportunidade de conviver, e dificilmente podemos encontrar uma pessoa tão bondosa, um coração tão generoso quanto Nildo de Carvalho, por quem tive grande apreço e amizade”.

Des. Ildeu de Souza Campos

 “O Dr. Nildo foi um dos ícones, uma das pessoas que mais lutou, na década de 1970, junto com aqueles baluartes que eram de Glória de Dourados, pra que a cidade pudesse ser o que ela é hoje. Ele ajudou nas administrações a levar projetos para o município. Não foi somente um juiz, ele foi um juiz e, acima de tudo, alguém que Glória de Dourados tem muita estima. A população tem muito carinho e é uma perda para nós, nesses 50 anos de Glória de Dourados. Dr. Nildo já estava na nossa lista de homenageados no aniversário da cidade, no dia 2 de maio, mas, infelizmente, ele não vai receber pessoalmente a sua comenda, mas os seus familiares vão poder saber, naquele momento, a importância que foi a passagem do Dr. Nildo por Glória de Dourados. Perdemos um grande amigo”.

Arceno Athas Junior – Prefeito de Glória de Dourados

                                De um cidadão.
Genaro Regis Regis

Momento difícil para muitos, em particular a família, do Eterno e Querido Dr. Nildo de Carvalho que, iniciando sua carreira como primeiro Juiz da nossa querida Glória de Dourados nos idos de 70 (Anos Dourados), ascendeu sua trajetória a Desembargador, tendo sido Presidente do Tribunal de Justiça do nosso Estado. DR. NILDO DE CARVALHO. Partiu de onde veio, dos braços da Constelação Maior e Iluminada que rege todos os passos e reina todo o Universo. Ficamos todos muito tristes pois o Dr. Nildo de Carvalho, como Juiz de Direito na Encantada Glória dos Anos Setenta tão bem comandou os destinos da Justiça na Comarca, sendo auxiliado pelos Oficiais de Justiça Sebastião e "Pacau", dentre outros servidores, preservando a harmonia na cidade e pacificando os conflitos. Dentre muitos de nós, não foram poucos que sentiram a preocupação do grande juiz com a segurança dos meninos e adolescentes da época (Nós aqui), não permitindo que adentrássemos noite adentro pelos lugares "desaconselháveis a menores" e pouco recomendáveis na orientação e construção de um futuro digno. Com o seu corcel vermelho 1972, placa 003, por diversas vezes "vistoriava" a cidade com o intuito de inibir as crianças a frequentarem lugares inadequados, bares de jogatinas (inclusive fui personagem de alguns episódios (quantos aqui não foram?): teve uma vez que me escondi debaixo de uma mesa de snooker enquanto meu amigo (não vou declinar o nome rs) se escondeu detrás da porta do "boteco" (em frente do Cine Presidente) e, quando o juiz puxou a velha porta de madeira indagou ao afoito jogador de birra (jogo a valer): " - O que está fazendo aí?" ao que ele respondeu: "- Estou me escondendo do juiz!". Então, o juiz dava o seu sermão, orientava, e, no final, dava uma pesada bronca no dono do negócio, advertindo fecha-lo. Enfim, considero que o Dr. Nildo de Carvalho foi a primeira autoridade de que tive conhecimento preocupada com o futuro das crianças e adolescentes, seja na qualidade de professor (assistindo suas aulas, transmitia-nos enorme conhecimento, fascinação pelos estudos), e que se assim fosse nosso sistema desde aquela época não estaria esse pandemônio que hoje viceja na sociedade. Outro dia na remota lembrança do distante passado, um dos meus irmãos, que pelas madrugadas se desocupava (sendo ele um menino vagando em bando) (rs) saltou um muro de longa altura, nas proximidades do Posto do Enedino, pra escapulir da "sabatina" do preocupado juiz, quando caiu do outro lado do muro deu com o calcanhar em cima dum enorme caco de vidro, ficando de molho, estrepado, pruns bons tempos! Outros meninos varridos se debandaram em outra direção (alguns de vcs não estavam lá? rs). Quantos de nós nunca haveremos de nos esquecer do quanto o querido juiz amava a Justiça e procurava inserir o ser humana na sua vereda, buscando nortear os caminhos de jovens, adolescentes e adultos muitos deles quase sem perspectivas ou esperanças no horizonte, buscando guiá-los a um caminho de luz, crescimento moral, espiritual, material. Quantos não se lembram do Luizinho, larápio, um incorrigível menino da Sexta-Linha, que aprontava uma atrás da outra, suas peripécias e artimanhas, suas traquinices e falta de bom-senso, que o Dr. Nildo no afã de auxiliá-lo, deu-lhe guarida hospedando-o na sua residência na Melvin Jones, ao lado da casa da Dona Elisa, mãe dos meninos Jorge, Mauro, TchinTchian e Itiró. E isso por mais de uma vez! Luizinho era tão incorrigível (contam) que não havendo internato para medidas sócio-educativas, o bom coração do juiz houve por bem auxiliar a família do menino, que já não sabia mais o que fazer, assim deu-lhe como guarida o próprio teto, para assim orientá-lo melhor nas horas em que possível. Diziam que o menino, um dia, foi-se da casa do juiz e ainda levou alguns utensílios (o que pode ser mito popular) rs. ENFIM, o Dr. Nildo merece as mais profundas homenagens da nossa sociedade. SENTIMOS COM O CORAÇÃO, CREMOS COM A ALMA, E, COM PALAVRAS, GESTOS E AÇÕES, DEMONSTRAMOS O QUE, DE FATO SOMOS! E o Dr. Nildo de Carvalho, na breve residência pela Terra, O QUE HÁ DE MAIS BELO E EXEMPLAR NO SER HUMANO, QUER NA VIDA SOCIAL, QUER NA VIDA FAMILIAR, QUER NO SEU OFÍCIO DE SERVIDOR! OBRIGADO, SENHOR, PELA DÁDIVA DE NOS TER PERMITIDO, COM ELE CONVIVER!

2 comentários:

Marcos Adriano disse...

Meu amado Tio Nildo... Nós, seus familiares perdemos um ser radioso... um exemplo de luta e perseverança... de união da família... me abrigou em sua casa no início de minha carreira como advogado, me passando conhecimentos incomparáveis... uma dor enorme não ter podidos estar (ao lado de mamãe, sua irmã, papai e meus irmãos), na sua despedida!

ivoneide disse...

Também tive a honra de conhecer uma pessoa tão nobre como Dr. Nildo de Carvalho. No Judiciário ela sempre foi o grão mestre de todos nós, funcionários. A nossa sala do Tribunal do Júri, na última reforma do prédio do fórum, levou seu nome e existe uma placa de agradecimento pelo trabalho por ele prestado na nossa comunidade e estado. Hoje ele está com Deus, certo que lá no céu também está fazendo maravilhas. Descanse em paz Dr. Nildo e desejo meus sinceros sentimentos à toda família enlutada!