5 de dez. de 2013

MEU AMIGO PEDRO


Meu amigo Pedro


Conheci Pedrinho desde sempre, moleques, com ele me convidando para ir “pro mato tirar toras” serviço de macho disse ele. E era verdade, pois se existe um serviço pesado, duro, é tirar toras no cavaco. Deixa eu explicar, naqueles tempos não tínhamos trator, carregadeiras, guinchos e outros modernismos, o trabalho era todo manual, a não ser o corte que utilizávamos motosserras. O serviço era em partes, primeiro entravamos no mato para localizar as arvores, localizadas, derrubar, repicar em toras de 6, 7 metros, ai abríamos um carreador usando foices e machados para entrar com o caminhão até as toras, carregar as toras até a esplanada, descarregar e ir buscar mais até completar a carga. Tínhamos, obrigatoriamente que fazer esse trabalho de carregar, descarregar e carregar novamente pois o caminhão não saia de dentro do mato carregado, afundava que só. Horário de sair era 4:00, de chegar era Deus quem sabia. Abelhas, marimbondos e muitas cobras a incomodar, o cabo da catraca não alisava ninguém mesmo, como dizia: serviço de cabloco homem. Pedro vinha de uma linhagem de madeireiros, seu Pedro, seus tios Orlando e Toninho, seu primo Mariano, seu avô “Seu” Antonio, construtor de serrarias. Seu pai Pedro Lanziani teve serraria e beneficio em Regente Feijó, sendo um dos precursores da industrialização e beneficio da madeira, montou em Porto Epitácio uma serraria monstro, com uma serra Guincha, uma vertical que puxava 12 folhas, destas só existiram 4 no Brasil, depois caíram em desuso pela necessidade imensa de energia e foram substituídas pela serra fita, seu Pedro montou a serraria com um locomovel, “vapor” de 60 CV coisa de 30 metros de caldeira, maquina linda de ver, inglesa. Não dando certo seus investimentos (estava anos a frente de seu tempo) mudou-se para Gloria de Dourados e montou a Madeireira Perobal, se tornando um dos maiores fornecedores de cruzetas para a Cemat, Cemig e tantas outras. Pedrinho, seu braço direito, além de uma capacidade enorme de trabalho (tinha uma resistência surpreendente), era aventureiro e tinha também facilidade de arrumar as mais variadas encrencas além de ser um pescador compulsivo. Pescava até em poça de estrada, eu brincava.
Impossível eu relatar causos de minha vida sem estar com Pedrinho que participou de quase todas minhas aventuras (e desventuras rsrsr).Uma vez estávamos de caminhão fazendo isso, erramos a estrada na 20 linha e descemos o barranco, fomos parar no córrego e a cabine caiu a 10 metros do chassi. Era um caminhão antigo que seu Pedro Lanziani tinha reformado inteiro e não queria que usassem para nada, tava lindo o caminhãozinho, até nós usarmos, perda total, sobrou quase nada!!! rsrsrsrssrsrsrsrsrsrsrsr
Pedrinho partiu cedo desta vida e deixou ótimas lembranças e uma saudade enorme, gostaria muito de ter a companhia dele agora com filhos crescidos, netos, genros, sobrinhada, seria bom assar um leitão (cateto a gente não pode mais) no tambor tomando whisky com cerveja (não sei se aguento) e contando nossos causos, nossa historia. A ultima vez que falei com Pedrinho , foi quando ele me ligou dizendo que estava indo se internar no Hospital das Clinicas (ele estava morando em SP) que ele não se sentia bem e iria realizar alguns exames, ao estilo dele disse que não era nada e depois me ligava. Dois dias depois chegou a noticia de sua passagem.
A gente ainda se encontra por esses sertões meu amigo, a gente ainda se vê.